Saber ouvir e saber falar para aprender a sercontributos para uma didáctica da oralidade em língua portuguesa no ensino básico
- Oliveira Ferreira, Ana Luísa
- José Manuel Vez Jeremías Director
Universidade de defensa: Universidade de Santiago de Compostela
Fecha de defensa: 27 de marzo de 2009
- Antonio Mendoza Fillola Presidente/a
- Bieito Silva Valdivia Secretario
- Ubaldo Padrón Brito Vogal
- Estela Pinto Ribeiro Lamas Vogal
- Francisco Galera Noguera Vogal
Tipo: Tese
Resumo
RESUMO DA TESE DE DOUTORAMENTO Saber Ouvir e Saber Falar para Aprender a Ser: Contributos para uma Didáctica da Oralidade em Língua Portuguesa no Ensino Básico Ana Luísa de Oliveira Ferreira Perspectivas Didácticas em Áreas Curriculares - Protocolo entre o Instituto Piaget e a Universidade de Santiago de Compostela Departamento de Didáctica e Organização Escolar Director: Professor Doutor José Manuel Vez Novembro de 2008 O trabalho que se apresenta é fruto de um estudo longitudinal, contextualizado pela investigação qualitativa, assumindo-se como um estudo etnográfico, alocado na área da Didáctica da Língua Portuguesa, concentrando-se na análise das percepções que um grupo de alunos da Escola Superior de Educação Jean Piaget/Arcozelo (Portugal) do Curso de Professores do Ensino Básico, 2º ciclo, Variante de Português/Inglês, tornados estagiários e depois assumindo já a sua condição activa de docentes de Língua Portuguesa, no 2º ciclo do Ensino Básico, apresentam relativamente à importância que atribuem à competência oral em contexto de sala de aula e no macro-contexto social que (en/in/de) forma o processo desenvolvimental do ser. Movidos por uma plêiade de leituras, pela análise de documentos ministeriais nacionais e à escala europeia, pela nossa prática lectiva diária enquanto docentes de Língua Portuguesa na área de formação de professores do ensino Básico e na qualidade de Orientadoras de Estágio na referida área, registámos uma necessidade imperiosa de concentramos a nossa atenção no domínio da didáctica da oralidade #um domínio em que se detectam equívocos e se vivem carências de legitimação didáctica, repousantes numa falta de uniformidade equitativa relativamente aos demais domínios de ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa no Ensino Básico. Face a esta constatação, o presente trabalho intentou, por uma lado, constituir-se como um investimento investigativo centrado na oralidade, na busca de contributos para uma didáctica de oralidade ao nível da Língua Portuguesa, no Ensino Básico e, por outro lado, desincentivar, num momento em que a oralidade planificada e responsável se converteu numa medida da política educativa nacional, a apatia e o segregacionismo há já muito instalado e em relação ao qual se torna urgente uma análise interpretativa profunda. Fruto da análise acima proposta e munidos de dados recolhidos através de materiais suscitados pelo investigador (comentário de frase; traçado da relação eu/Oralidade ao longo da escolaridade obrigatória e Testemunhos Finais Individuais) e de materiais invocados pelo investigador (Notas de Campo na Observação de Aulas; Análise de Planificações de Aula e Entrevistas), pudemos estabelecer, face à nossa pergunta de investigação geral - Quais são as percepções, relativamente à relevância da oralidade, em contexto escolar, bem como no processo de construção do ser, de um grupo de alunos em processo de formação inicial, tornados professores-estagiários e depois como docentes de Língua Portuguesa já no activo? - algumas conclusões. Estas apontam para, ao nível da Formação Inicial de Professores, o registo de um contacto quase nulo com a prática da oralidade, a redução do papel do professor a mero gestor de diálogos e para um desconhecimento e falta de experimentação das técnicas discursivas formais. Já no tocante à Prática Pedagógica, as carências detectadas repousam na percepção da escuta e da fala enquanto meros suportes estratégicos ao serviço de outras competências, na secundarização da didáctica da escuta e da produção oral, na ausência de um discurso interaccional no decorrer das tarefas orais, numa falta de controlo avaliativo e, por último, na falta de intencionalidade e sistematização comunicativas. Relativamente à fase da Prática Lectiva autónoma, os dados recolhidos permitem elencar algumas fragilidades, tais como, uma aplicação ténue , assistemática e desresponsabilizadora da promoção oral, uma assunção disfórica da oralidade enquanto suporte estratégico em prol de outras competências, num défice de recorrência intencionalizada na aplicação de actividades orais, bem como num desconhecimento de documentos enquadradores da prática da oralidade e uma ingência de formação contínua. Aventaram-se e coligiram-se, então, após a detecção das percepções e das carências da amostra face à didáctica da oralidade, algumas propostas reflexivas de mudança, por fase, em ordem à promoção da oralidade. As propostas reflexivas de mudança centram-se, em termos de Formação Inicial, na necessidade de especificação da Língua Portuguesa como disciplina curricular potenciadora de aprendizagens significativas na construção da essência humana, onde a oralidade assume um papel crucial, na identificação clara dos objectivos e dos conteúdos específicos a abordar no domínio da oralidade, na opção pelo trabalho laboratorial enquanto potenciador desenvolvimental das capacidades de comunicação e expressão oral, reclamando-se espaços lectivos dedicados a actividades de dicção, recitação, representação e dramatização, na necessidade ingente de convocar uma área de consagração à argumentação, oratória e retórica e no equiacionamento de novas competências e de novos modelos de formação relativos ao domínio da oralidade. No que concerne a Prática Pedagógica, ressalte-se um esforço de mudança na potenciação do trabalho laboratorial de língua oral com os alunos, na criação de espaços dedicados à prática do oral, na criação de estratégias diversificadas promotoras de oralidade, na aposta selectiva de actividades orais e na necessidade de maior importação das experiências orais dos alunos para o contexto de estágio. Já no que se refere ao âmbito da Prática Lectiva autónoma, as propostas elencadas prendem-se com a assunção da ideia de que as aulas de Língua Portuguesa são um espaço de competências orais e de convocação de competências finas, na opção pelo trabalho laboratorial, na promoção do desenvolvimento da comunicação oral como relatos, jogos de 'faz de conta' ou leitura em voz alta; aposta no enfoque comunicativo, na criação de momentos sistemáticos comunicativos, no confronto entre o valor de "saber ouvir" e de "saber falar", no reforço da ideia de que se "aprende a falar falando", na criação de situações-quadro para a avaliação das convenções reguladoras do uso real da língua oral, na didactização de situações de aprendizagem e na potenciação do desenvolvimento da capacidade de recepção oral. O contributo estratégico para uma Didáctica da Oralidade em Língua Portuguesa no Ensino Básico repousa, como fruto do nosso estudo, na opção pelos laboratórios/oficinas de língua oral enquanto epicentro da transformação pedagógica-didáctica a ter lugar nas escolas do Ensino Básico em Portugal.