Trajectos de construção da identidade profissional em contextos de inserção profissionalperspectivas e inquietações dos educadores de infância

Resumen

Centrando-se na inserção dos Educadores de Infância no mundo do trabalho, a presente investigação explora alguns dos aspectos mais significativos do repertório experiêncial destes profissionais em início de carreira. Incidindo na perspectiva da construção da sua identidade profissional, o repertório explorado abarca as principais vivências e percepções associadas ao tornar-se Educador de Infância, dando a conhecer alguns dos maiores ganhos e dificuldades associados a este primeiro contacto com a profissão. Procedendo-se, numa primeira parte, à contextualização histórico-legal da profissão e ao debate das mudanças que impulsionaram a profissionalidade destes actores, parte-se, num segundo momento, para a sistematização das questões formativas no contexto da formação inicial. Debatem-se as múltiplas possibilidades de esta ser/tornar-se num laboratório de transformação de identidades e de se assumir enquanto processo de construção de saberes inevitáveis à profissão. Num terceiro momento, enfatizam-se as questões de desenvolvimento profissional e dos contextos accionais dos Educadores de Infância principiantes, dando especial relevância à dimensão da socialização profissional, equacionando as perspectivas e inquietações, que aí possam ocorrer. Inevitavelmente, circunscrevemos a etapa seguinte às questões identitárias, ilustrando as inúmeras complexidades inerentes ao ser e transformar-se, em pessoa /Educador, são dadas a conhecer as diferentes dimensões abarcadas por este processo, bem como os seus cenários, interlocutores e dinâmicas influenciadoras. Tomando como grelha de leitura as principais evidências compiladas na componente teórica desta tese, parte-se, num quinto momento, para a apresentação do estudo empírico realizado, sustentando-o e validando-o nas metodologias qualitativas e no design de estudo de caso. Abarcando quatro estudos de caso de Educadores principiantes que, no ano lectivo de 2006/2007, se encontravam a efectivar o seu primeiro ano de trabalho. O estudo explora as perspectivas e inquietações de desenvolvimento e edificação da identidade profissional, com que os protagonistas deste estudo se confrontaram, nesta primeira etapa de vida profissional Os dados obtidos salientam a presença de oscilações na forma como os Educadores principiantes vivenciam esta etapa do seu desenvolvimento profissional. Assim, destacam-se as dimensões: socialização profissional e institucional, reveladora de constrangimentos, geridos e convertidos em mais-valias; aprendizagem e desenvolvimento profissional, centrado em lutas por um trabalho de colegialidade; e, o trabalho pedagógico, cuja devoção e implicação surge como estratégia central de sobrevivência. A acção pedagógica directa foi tida como uma das áreas de maior satisfação e ganho. Evidenciam a esfera da formação como grande andaime de desenvolvimento, quer a inicial quer a continua e complementar (que tentam, todos, conquistar) Mostram uma gestão interessante entre as inquietações e perspectivas, típicas da iniciação profissional, mostram uma conciliação estratégica entre a identidade para si e a identidade para o outro, dando a conhecer uma socialização que apesar de alguns constrangimentos, se converteu num desenvolvimento profissional e identitário significativo. Perceberam que a edificação de uma profissão passa por um redesenhar de perspectivas alicerçadas em negociações identitárias. Na última parte da dissertação, tecem-se algumas reflexões e propostas de intervenção, tomando não apenas o início da carreira, mas a possível aliança entre a formação inicial, de Educadores de Infância, e os seus territórios profissionais.